O verão de 2023 veio confirmar as tendências dos últimos anos quanto ao registo de episódios meteorológicos extremos – ondas de calor, incêndios incontroláveis que destroem grandes áreas florestais e rurais, ou grandes volumes de precipitação com queda de granizo a atingir níveis recorde -, fenómenos estes que se têm registado um pouco por toda a Europa. Estas ocorrências ainda podem ser consideradas anómalas face a um padrão registado no passado, contudo são cada vez mais frequentes e preocupantes, pois impactam de forma dramática a vida de muitas comunidades e as operações de diversas atividades económicas, como é o caso da agricultura ou do turismo.
A decisão de reserva e compra de serviços turísticos pelos consumidores é o resultado da combinação de vários fatores e variáveis, desde os mais óbvios como o preço, os transportes, as características tangíveis do produto ou a localização, até à expectativa de usufruto pleno da experiência, com conforto e segurança, num ambiente de tranquilidade. Nesta equação entra, cada vez mais, a intenção dos turistas contribuírem para a sustentabilidade do planeta, para a preservação das paisagens e da biodiversidade dos destinos, ou até mesmo para a diminuição da sua pegada ecológica.
Há sinais de alerta que merecem monitorização atenta. Em julho de 2023, a European Travel Commission publicou os resultados de um estudo, realizado em maio do mesmo ano, sobre as tendências de viagem na Europa para o horizonte junho-novembro’23. Face ao período homólogo em 2022, este estudo registou um decréscimo de 4% nas intenções de viagem dos europeus com idade superior a 45 anos. Este sentimento afeta os consumidores de mercados que são muito importantes para Portugal, como a Espanha, a Alemanha, os Países Baixos e a Itália. No mesmo estudo, que foi realizado com base nas respostas de 6002 inquiridos, a possibilidade de ocorrência de ‘eventos climáticos extremos’ é apontada por 7,6% dos inquiridos como uma das principais preocupações quando planeiam viajar dentro da Europa.
Dito isto, como irá evoluir este sentimento dos europeus nos próximos anos?
Sabemos que, em grande medida, o turismo é um setor que vive dos recursos naturais e culturais existentes nos destinos e que, como tal, depende de serviços, produtos e operações logísticas que podem impactar severamente o ambiente e as comunidades, sobretudo quando os desequilíbrios não são antecipados, nem geridos. Por essa razão, é tempo de agir para evitar, eliminar ou mitigar os impactos indesejados das alterações climáticas e dos fenómenos naturais extremos.
É tempo de os agentes do turismo serem proativos e procurarem traduzir em práticas e soluções concretas a tão propalada preocupação com os temas da sustentabilidade ambiental, social e económica. É também tempo de estes agentes encararem os investimentos nesta área como uma oportunidade ou como parte do seu modelo de negócios, procurando as melhores soluções tendo em conta a razoabilidade desse investimento no valor global do projeto. É ainda tempo de demonstrarem que são parte da solução e não parte de um problema que pode afetar o futuro das próximas gerações.
A IDTOUR tem vindo a refletir e a trabalhar sobre estes importantes temas, pelo que procura estar comprometida ativamente com os desafios que a sociedade enfrenta. Comprometida com os próprios colaboradores, com a comunidade e com seus os clientes na busca de soluções, assumindo também um papel proativo e não ser apenas um agente que se limita a alertar ou a observar as tendências de forma passiva. Porque é mesmo tempo de agirmos e de assumirmos a liderança da mudança.