O turismo assume uma importância verdadeiramente estratégica para a economia portuguesa e, especificamente para algumas regiões nacionais. Trata-se de um setor fundamental para a geração de riqueza e emprego, para além de apresentar um papel estruturante no desenvolvimento sustentável do território. Não obstante, num mundo em constante evolução, é importante não esquecer que o crescimento desregulado do turismo pode originar impactos negativos. Torna-se, assim, premente sustentar o seu modelo de desenvolvimento baseado numa estratégia que permita responder aos desafios do destino e, consequentemente, assegurar externalidades positivas para o mesmo e para os agentes que nele atuam.
Pensar e planear o futuro do desenvolvimento turístico de um destino (independentemente da dimensão geográfica e da relevância) implica, de um modo geral, identificar pontos fortes, apontar caminhos e indicar ações que contribuam para o desenvolvimento de produtos que capitalizem vantagens competitivas em torno dos recursos naturais e culturais. Todavia, a vantagem competitiva deve ter sempre como alicerce os princípios da sustentabilidade, nomeadamente no respeito pelos valores ambientais, sociais e económicos do destino.
Dito isto, o que é o planeamento estratégico?
O planeamento estratégico pode ser entendido como um roteiro de viagem, ou seja, como um mapa que lhe irá indicar os melhores caminhos para alcançar o seu destino. Por outras palavras, é o processo de criar um plano para alcançar os objetivos pretendidos. Este é um instrumento essencial para qualquer destino, uma vez que permite antecipar cenários e, em função dos mesmos, estabelecer metas e sinalizar impactos potenciais, assim como contribui para a melhoria da capacidade competitiva do território, para a divulgação das suas potencialidades, para o aproveitamento dos seus recursos endógenos e para a criação de oportunidades de desenvolvimento.
Como é que um território pode desenvolver a sua atividade turística de forma competitiva, inovadora e sustentável?
Refletindo sobre as seguintes questões:
1. Qual é o ponto de partida?
Conhecer o território, os principais ativos turísticos, as empresas ligadas ao turismo, mas também de outros setores relevantes para o destino, os artesãos locais, os artistas (economia criativa), as associações, as instituições de ensino e, acima de tudo, a comunidade local. Envolver os residentes na promoção do turismo local é fulcral para garantir o desenvolvimento turístico harmonioso do destino, uma vez que estes são os maiores embaixadores do território. Apesar disso, todos os que intervenham na atividade turística, de forma direta ou indireta, devem ser integrados neste processo, de forma a garantir um plano coeso, sustentado e que satisfaça todos os players envolvidos.
2. O que já está a ser feito?
Inspirar-se em outros destinos pode ser positivo, afinal, vivemos num mundo globalizado e o que não faltam são mesmo bons exemplos e casos de sucesso. Do mesmo modo, acompanhar as tendências e inovações do setor pode auxiliar o destino a permanecer competitivo e a satisfazer os interesses dos seus visitantes. É, por isso, importante entender o comportamento de consumo, a forma como os visitantes interagem com o destino, as motivações e interesses dos mercados prioritários. Só assim conseguirá obter vantagens competitivas face aos destinos concorrentes.
3. Para onde deseja ir?
Identificar os objetivos estratégicos e definir as metas que se pretendem alcançar é o passo seguinte, assim como definir a visão e posicionamento do destino. Esta é a forma mais simples de envolver todos os intervenientes em torno do mesmo desígnio. O posicionamento de uma marca turística deve também ser reforçado positivamente junto dos mercados externos, tornando-se num destino recomendado e, de forma gradual, potenciar o fluxo de turistas durante todo o ano. E lembre-se, saber gerir estrategicamente é fundamental para distinguir a qualidade e excelência do seu destino turístico.
4. Como vai lá chegar?
Através da criação de um plano de ação. O que será feito? Por que será feito? Quando será feito? Onde será feito? Quem fará? Como fará? Quanto custará? Estas são algumas das questões a que deverá responder. No entanto, lembre-se que a flexibilidade é essencial para a execução da estratégia, pois existem variáveis que não podem ser previstas. Ser capaz de se adaptar ou antever a estas mudanças é o segredo. A definição do plano de ação deve também considerar as oportunidades de financiamento existentes e a disponibilidade financeira da entidade promotora. Esteja atento aos instrumentos de apoio financeiro que vão surgindo no setor.
5. Está a alcançar o objetivo, e agora?
Todo o planeamento requer uma monitorização contínua, onde são avaliados os pontos positivos e negativos das ações propostas e, essencialmente, os desvios observados durante a operacionalização do plano de ação e as respetivas medidas corretivas a adotar. É entre erros e acertos que a estratégia se vai aperfeiçoando. Importa saber que a satisfação de um visitante é o melhor indicador que um destino turístico pode ter, até porque um consumidor feliz, volta sempre e ainda recomenda 😉